Ator e psicólogo, Carlos Arruza fala sobre o trabalho nas duas áreas
Com 50 anos e quase 30 de carreira, Carlos Arruza é
um dos mais conhecidos e queridos atores do cenário do teatro musical.
Com espetáculos como “Comunità – um musical italiano”, “Mamma Mia”, “Ou
tudo, ou nada” e “Noviça Rebelde” no currículo, o artista se destaca no
segmento.
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Comecei muito cedo, aos 19 anos, estreando no Teatro João Caetano (RJ)
com a peça “Os Três Mosqueteiros”, porém a minha formação foi aos 23
anos pela Casa das Artes de Laranjeiras (CAL) – diz Arruza.
No
entanto, o que muitos não sabem é que o ator tem outro trabalho. Além
de viver personagens em musicais e na TV - no ano de 2018 fez
participações em “Malhação” e “O Outro Lado do Paraíso” - Arruza é
também psicólogo.
Ele,
que é Bacharel e tem Licenciatura em Psicologia, além de ser
pós-graduado em Psicossomática Contemporânea, atua há 13 anos na função
com seu consultório na Tijuca (RJ) e ministra cursos na área.
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Sou professor do curso de pós-graduação na Universidade São Camilo para
as turmas de Enfermagem e Administração Hospitalar. Além disso,
ministro aulas em um curso livre de atualização, na Barra da Tijuca,
onde sempre levo um conteúdo que apresente a Psicologia e Teatro em um
mesmo contexto, como, por exemplo, poder falar da teoria de Brecht
associada aos estudos de Vygotsky – explica Arruza.
O
ingresso do ator na área da Psicologia se deu quando ele foi convidado
para coordenar o curso de atualização da Universidade Gama Filho no
Campus Downtown (Barra da Tijuca).
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Em 2001, fui chamado para dar aulas de teatro para esse grupo de alunos
que já tinha formação acadêmica e estava “reciclando” conhecimento nas
mais diversas áreas. Em contato com a Universidade, o reitor me fez o
convite para assumir a coordenação da equipe de professores. Minhas
aulas de teatro já tinham um cunho "psi" quanto a construção de
personagens, então não tive dúvida de que este era o momento exato para
aprofundar o que já fazia apenas com base nas teorias de Stanislavsky,
Brecht entre outros teóricos do teatro. A palavra "construção" sempre
foi a chave para o processo do ator e na Psicologia o termo
"desconstrução" reforça esse processo. Conheci, entre todas as escolas, a
Esquizoanálise que evidencia o conceito de que somos corpos em eterna
adaptação, não obedecendo nenhuma estrutura pré-determinada. Como
pós-graduado, embarquei na psicossomática contemporânea, que também
desconstrói a psicossomática médica, apresentando uma visão holística
sobre a existência e seus fenômenos – diz ele.
A
formação como psicólogo ajuda na construção de personagens. Segundo
Arruza, atuar exige um estudo de perfil psicológico (não é uma regra
para todos os diretores) e a Psicologia é uma ferramenta que sempre
facilita na construção do personagem, quando bem consultada.
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Para a criação de um personagem, costumo utilizar a Psicologia para a
construção daquele perfil. Já como psicólogo, posso dizer que, como em
qualquer profissão, precisamos organizar nossa rotina de forma
sistemática com direito a muitos improvisos, e isso é semelhante à
rotina do ator – explica Arruza.
Mas,
quando tem que escolher entre as duas profissões, o lado ator fala mais
alto. No momento, Arruza produz seu primeiro musical, chamado “Um
Tamanduá Bandeira Formigável”, uma história infantil que irá contar com
Hugo Bonemer, Thati Lopes e Claudio Tovar em seu elenco.
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As duas áreas são fascinantes, mas como o Teatro começou muito mais
cedo, acredito que tenha virado algo mais forte na minha identidade
profissional. A Psicologia surge como a cereja do bolo – finaliza o
galã.
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