A Netflix
anunciou nesta quarta (6) que adquiriu os direitos de "Cem Anos de
Solidão", romance seminal do colombiano Gabriel García Márquez, e irá
transformá-lo em série.
Eduardo Verdugo / AP Photo
Rodrigo e Gonzalo García, filhos do escritor, serão
produtores-executivos da série, que será falada em espanhol.
“Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendia havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer a fábrica de gelo”... Com essa frase antológica, García Marquéz, Prêmio Nobel de Literatura de 1982, introduz a fantástica Macondo, um vilarejo situado em algum recanto do imaginário caribenho, e a saga dos Buendia, cujo patriarca, Aureliano, fez trinta e duas guerras civis... e perdeu todas. García Marquéz já despontava como um dos mais importantes escritores latino-americanos, no início da década de 1970, quando Cem anos de solidão começou a ganhar público no Brasil. O livro causou enorme impacto. Na época, o continente estava pontilhado de ditaduras. Havia um sentimento geral de opressão e de impotência. Então, essa narrativa em tom quase mítico, em que o tempo perde o caminho, em que os episódios testemunhados e vividos acabam se incorporando às lendas populares, evoca nos leitores uma liberdade imemorial, que não pode ser arrebatada. E tão presente. Tão familiar e necessária. Em Macondo, os mortos envelhecem à vista dos vivos e os anjos chegam, sempre em dezembro. Entretanto, García Marquéz nunca aceitou que suas narrativas fossem rotuladas como fantasia. Talvez porque isso exilasse Macondo num outro mundo, que nem a solidão ou a liberdade pudessem alcançar. Cem anos de solidão é a mais pura história do povo latino-americano. Mas ultrapassa o momento e expõe a alma dessa história - ou como é vivenciada.
Lançado no Brasil pela Editora Recotd
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