Post feito por Hildegard Angel, filha de Zuzu Angel e irmã de Stuart Angel, preso e assassinado pela ditadura, em 1971.
Por Sharon Sevilha
Não há mentira que possa ser escondida para sempre e, neste caso, as cabeças pensantes do país nunca engoliram a lorota de que Zuzu Angel sofreu um acidente e morreu. Enfim, o ex-delegado do DOPS, Claudio Guerra, afirmou que o Coronel Freddie Perdigão estava presente no local do acidente e que ficara preocupado em ter sido fotografado pela perícia. Veja na foto abaixo: ele é o que está marcado com vermelho, logo abaixo da placa de PARE:
Segundo a Comissão da Verdade, esta foi a primeira vez que um agente da ditadura admitiu publicamente que o "acidente" que matou Zuzu não foi um "acidente", mas um atentado.
Em seu livro, "Memórias de uma Guerra Suja" (Ed. Topbppks, 2012), o Coronel Guerra já havia acenado a possibilidade do assassinato de Zuzu, visto que 1998 a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos do Ministério da Justiça já havia confirmado que ela fora vítima de um atentado político.
Hoje evangélico, Guerra se diz arrependido e colabora com a Comissão da Verdade. Tarde demais: muitas "Inês", Rubens Paiva, Stuart - entre outros - estão mortos. O ex-agente, que também colaborou com o SNI, declara: "não sou dedo duro, estou buscando trazer a verdade para poder uma parte negra da nossa história ser passada a limpo." Guerra ainda diz que Perdigão lhe entregava corpos para serem incinerados em Campos dos Goytacazes (RJ) - qualquer semelhança com o nazismo não é mera coincidência. Perdigão morreu em 1997 e entregou a Guerra pelo menos treze corpos.
Guerra também diz: "Eu creio, não só a morte do Paulo Malhães como do coronel Molina, que morreu no latrocínio no Rio Grande do Sul, foram execução, queima de arquivo. É o mesmo modus operandi que nós usávamos no passado: simular um assalto, simular um acidente." E encerra declarando: "Se hoje eu morrer, glória a Deus, eu tirei tantas vidas, né?".
Já vai tarde.
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